A voz dos professores da povoação do Rio Vermelho, em 1899, e fotos antigas da região.

Em destaque: Oferenda às águas na Festa de Iemanjá no bairro do Rio Vermelho, em Salvador — Foto Reprodução/TV Bahia no texto Festa de Iemanjá volta a acontecer em Salvador… Disponível no site Globo. com g1 no endereço: https://g1.globo.com/ba/bahia/verao/noticia/2023/02/01/festa-de-iemanja-volta-a-acontecer-em-salvador.ghtml

Dia 2 de fevereiro…dia de festa no mar…

Ontem, 2 de fevereiro, foi dia de festa no bairro do Rio Vermelho. Uma festa tradicional que celebra Yemanjá, a rainha das águas e tem lugar em um bairro desenvolvido e bastante povoado. A história do bairro remonta aos anos de 1500. Você sabia ?

Foto da orla do Rio Vermelho no site © Guia Geográfico – Salvador Turismo. Disponível em http://www.salvador-turismo.com/rio-vermelho/bairro.htm

O Rio Vermelho de outrora

O livro Rio Vermelho da Fundação Cultural do Estado da Bahia, publicado em 1988 conta a história do bairro. Traça a sua evolução e descreve as caracteristicas da região por volta de 1890: uma localidade a beira mar, com fazendas, hortas, currais e uma população local de pescadores que estavam sendo afastados dos centros para dar lugar aos que buscavam os benefícios que o Rio Vermelho oferecia para a cura de doenças e para o veraneio.

Veja abaixo trechos da obra:

__________

__________

Para ter acesso ao pdf do livro Rio Vermelho publicado, em 1988, pela Fundação Cultural do Estado da Bahia como parte do Projeto História dos Bairros de Salvador clique aqui Rio Vermelho

O PDF do livro Rio Vermelho foi localizado na BIBLIOTECA DA FUNDAÇÃO MÁRIO LEAL FERREIRA onde pode ser acesado através do link

A voz de professores da povoação do Rio Vermelho, em 1899

Em 1896 todas as 86 escolas existentes na capital da Bahia foram passadas para a administração da Intendência Municipal. De acordo com o relatório de João Theodoro Araponga, Delegado da 1ª. Circunscrição Escolar de Salvador, datado de  abril de 1897, o Rio Vermelho era uma povoação vinculada ao distrito da Vitória e tinha naquele ano apenas dois professores públicos municipais: o professor Manoel Bernardino Lima Moreira da escola do sexo masculino e Dona Amelia da Costa Brochado da escola de sexo feminino onde estudavam, respectivamente, 52 meninos e 44 meninas.

Em setembro de 1899 uma circular da Intendência de Salvador intermediada pelo Diretor de ensino municipal, professor Antônio Bahia, solicitava  que, em obediência às leis de ensino vigentes, os professores municipais enviassem um relatório sobre a escola onde atuavam. O documento deveria privilegiar os seguintes itens:

Métodos e processos

Livros adotados

Escrituração escolar

Matrícula e frequência

Nos relatórios dos professores Amélia e Manoel Bernardino constam informações que demonstram como a matrícula, a clientela e a prática em suas escolas eram marcadas pelas características demográficas e geográficas da povoação.

Falando sobre a escola de meninas que dirigia, Dona Amélia registrou:

A professora apontou como a flutuação da população em decorrência do veraneio interferia nos exames finais que verificaram se os alunos estavam “prontos” para receber o certificado de conclusão do curso primário.

O professor Bernardino faz queixas idênticas, quando diz:

[…] com grande pesar, declaro que é difícil anualmennte dar [apresentar] alunos a exame final, pois muitos sempre no fim do ano se matriculam, por causa da grande afluência de famílias, que pelo verão, buscam esse bairro e se retiram pelo inverno; outros mesmo nesta estação retiram-se com suas respectivas famílias para a cidade ou fora dela.

As pontuações feitas pelos dois professores em relação às características da povoação do Rio Vermelho, em 1899, coincidem com as informações constantes no livro da Fundação Cultural do Estado da Bahia anteriormente citado, e encontram apoio também nas paisagens retratadas no livro Bahia: velhas fotografias de Gilberto Ferrez.

Fotos da Povoação do Rio Vermelho no livro Bahia: velhas fotografias 1858-1900

Fotos do livro Bahia: Velhas fotografias 1858-1900 publicado em 1980 pela Editora Cosmos no Rio de Janeiro e Banco de Investimento SA, em Salvador.

Documento localizado no setor de Obras raras da Biblioteca Pública da Bahia atual Biblioteca Central.

OBSERVAÇÃO: Os relatórios dos professores e o de Araponga foram localizados no Arquivo Histórico Municipal de Salvador.

3 comentários em “A voz dos professores da povoação do Rio Vermelho, em 1899, e fotos antigas da região.

  1. Marlene Maria Joazeiro 4 de fevereiro de 2023 — 22:44

    Excelente documentário.
    Interessante a questão do êxodo em relação à época ou seja, à estação temporal.
    Sempre tive como informação, que, a localidade do Rio Vermelho e alguns bairros adjacentes, sempre foram bairros de veraneio; a presença de escolas nesses “sítios” consequentemente, levaria às demandas frustradas da permanência escolar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *