50 anos depois: Os prédios sobreviveram… E o modelo das escolas polivalentes ?

Em destaque: Sala de aula com alunos no Colégio Polivalente de Paulo Afonso, região do Vale do São Francisco, Bahia. Foto em notícia da Ascom/SEC com o título “Colégio climatiza salas de aula e melhora aprendizagem dos estudantes.” Publicada em  20/02/2017. Disponível em:

http://escolas.educacao.ba.gov.br/noticias/colegio-climatiza-salas-de-aula-e-melhora-aprendizagem-dos-estudantes

A SOBREVIVÊNCIA DOS POLIVALENTES

Concebidas no bojo de um regime autoritário e em uma perspectiva tecnicista, segundo princípios da teoria do capital humano, as escolas polivalentes encontraram dificuldades para se consolidar como um modelo capaz de transformar a cultura do ensino secundário e médio no país e na Bahia.

O modelo foi considerado de alto custo. Exigia oficinas bem montadas com equipamentos específicos para o seu funcionamento e recursos humanos treinados de acordo com as características da proposta. A necessidade de buscar recursos complementares para o seu sustento nos diversos segmentos da sociedade local, não se coadunava com a cultura dominante nas comunidades do interior de nosso estado.

Na Bahia, nos anos 70 do século XX, uma pressão para ampliar as oportunidade de ensino de 5ª a 8ª série. A intenção de oferecer uma escola inspirada em princípios democráticos com base humanista resultou na concepção de novos modelos (por exemplo, os Centros Integrados) e na ampliação da oferta em condições distantes das ideais: prédios inadequados, docentes sem qualificação específica para atuar no ensino médio, recursos materiais limitados ao básico etc.

O modelo das escolas polivalentes foi se adequando às características de funcionamento das demais unidades escolares da rede pública de ensino. Quanto a essa questão, leia-se em Santos (2010, p.131-163) os depoimentos prestados por Silvestre Ramos Teixeira, Dilza Atta e Edivaldo Boaventura que, como agentes da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, participaram da implantação das escolas polivalentes.

Embora não existam estudos sobre o impacto das escolas na educação e em outros setores da sociedade, os depoimentos anteriormente referidos apontam que a qualidade da construção dos prédios e da preparação dos recursos humanos resultaram em benefícios duradouros.

50 ANOS DEPOIS…

Os prédios do polivalente ainda estão a serviço da educação

Foram encontradas referências de passagem das escolas e dos prédios para a dependência municipal durante o processo de municipalização do ensino iniciado por volta do fim da década de 90, do século XX, na Bahia. Mais recentemente as informações indicam uma ação do governo estadual que envolveu

  • estadualização de unidades que haviam sido entregues aos municípios;
  • modernização das instalações para uso da escola polivalente ou para instalação de Centros Estaduais de Educação Profissional (CEEP) ;
  • mudança de nome, algumas retirando a palavra “polivalente”;

As ações desenvolvidas indicam um respeito à qualidade dos prédios construídos e manutenção da estrutura física. Parecem passar longe de iniciativas de demolição ou de acentuada descaracterização.

O texto abaixo, que foi localizado no acervo da legislação do município de Xique Xique (https://www.xiquexique.ba.leg.br/leis/legislacao-municipal), traz um exemplo do que ocorreu durante a municipalização.

Modernização com a construção de quadra de esportes.

Alunos do Complexo Polivalente de Belmonte comemorando a inauguração da nova quadra de esportes, em 10/11/2022.

Em 10/11 de 2022, marcando os 50 anos da unidade escolar, foi inaugurada com muita festa a nova quadra do Complexo Polivalente de Belmonte. Graças ao investimento do Governo do Estado a escola passou a contar com um novo equipamento contendo banheiros (vestiários), almoxarifado, alambrados, arquibancadas, cobertura e iluminação.

Notícia disponível em https://belmontenews.com/2022/11/10/colegio-polivalente-de-belmonte-ganha-uma-nova-quadra-de-esportes-em-comemoracao-aos-seus-50-anos/

Ampliação e modernização para instalar um novo modelo de escola

Foi o caso do Polivalente de Xique-Xique que, além de reformas nas instalações já existentes, receberia um novo bloco com 12 salas de aula, auditório, refeitório, piscina semiolímpica, campo de futebol society com arquibancada e pista de atletismo, para ser a nova sede do Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) em Recursos Naturais do Centro Baiano. Informação publicada em 3 de dezembro de 2021, disponível em:

https://conexaoin.com.br/noticias/governo-da-bahia-inaugura-obras-importantes-em-xique-xique/ 

O polivalente de Ipirá formou Gilda e suas irmãs.

OS TESTEMUNHOS

Professores e alunos guardam a escola em suas memórias.

Os registros encontrados e o diálogo com ex-alunos revelam um carinho por uma escola que foi motivo de orgulho para as comunidades.

Alunas do curso de 5ª a 8ª série da Escola Polivalente de Ipirá por volta do ano de 1972. Gilda é a aluna sentada do lado direito, segurando uma pasta/ classificador (?) grande.

As irmãs de Gilda em festa da formatura (conclusão do ensino médio).

Fotos do acervo de Gilda Oliveira.

Os objetos de memória de Carlos Eduardo, um ex-aluno da Escola Polivalente do Cabula, em Salvador, entre os anos de 1982-1988.

Carlos Eduardo frequentou o curso de 5ª a 8ª série e o curso colegial. Os registros nas carteiras escolares cujas imagens estão reproduzidas abaixo testemunham a composição do currículo adotada na unidade de ensino, inicialmente denominada de Escola Polivalente e, depois, de Complexo Escolar Polivalente do Cabula.

Carteiras para registro das notas nas disciplinas cursadas durante o ano letivo.

Carteira de Identidade Escolar emitida quando Eduardo cursava a 7ª série do 1º Grau (antiga denominação do ensino fundamental)

Camisas que faziam parte do uniforme escolar no período em que Carlos Eduardo foi aluno da Escola Polivalente do Cabula

Fotos do acervo de Carlos Eduardo Santana

A história da diretora que comandou o Polivalente por mais de duas décadas e ganhou o carinho da população

Publicada no site Correio da Cidade em, 27/03/2018

Foto da Escola Polivalente de Santo Estevão em texto publicado no Correio da Cidade. Disponível em https://www.correiodacidade.com.br/noticia/1183/

Nascida em Santo Estevão, a professora Tereza Gesteira, ou simplesmente Terezinha do Polivalente conta: aos 11 anos foi conviver em um pensionato para estudar em Feira de Santana. […] Aos 12 anos foi estudar em um colégio interno de Cachoeira, na Bahia. No colégio Santíssimo Sacramento passou 3 anos e só ia em casa a cada trimestre. “Era muito difícil estudar fora da cidade naquela época. A estrada para Feira de Santana não era asfaltada e em tempo de chuvas, demorava até 4 horas de viagem”, lembra. […]. PARA LER O TEXTO COMPLETO, ACESSE Depoimento de Tereza Gesteira diretora do Polivalente .

Depoimento de ex-aluno da Escola Polivalente de Xique-Xique

Homenagem à Escola Polivalente de Xique-Xique pelos seus 50 anos de fundação, em 2021. Depoimento em vídeo postado no Blog Memórias de Xique-Xique (https://www.youtube.com/@memoriasdexique-xique)

Link para acesso ao vídeo https://youtu.be/x2Fq55KF9eAd

VEJA VÍDEO

Presença das escolas nos eventos e comemorações do município

Em desfiles nas data cívicas e em outros eventos, as escolas polivalentes foram destaque.

Alunos da Escola Polivalente de Xique- Xique desfilando por volta de 1978, no centenário de elevação de Xique-Xique a cidade. Foto no texto Fato Histórico em Xique-Xique (BA): A ESCOLA POLIVALENTE publicado no Blog Xique Xique.

Disponível em http://xiquexiquense.blogspot.com/2011/02/fato-historico-em-xique-xique-ba-escola.html

O cinquentenário

“momento saudade” em diversas escolas polivalentes

Textos e vídeos divulgados em blogs e sites na internet alertam para o cinquentenário dos polivalentes. São transcorridos 50 anos, entre o atual ano de 2023 e os anos de 1972/73, quando as primeiras escolas foram implantadas.

Os 50 anos da Escola Polivalente de Itanhém…

Texto publicado em 30/08/2022 por Almir Zarfeg no Jornal Independente (https://jinoticias.com.br/)

Foto do prédio da Escola Polivalente de Itanhém publicada no site do Jornal Independente, em 30/08/2022.MMMM

Sim, nada muda a história!

É o título do vídeo criado por antigos professores da Escola Polivalente de Livramento de Nossa Senhora para comemorar o cinquentenário.

LEIA A ÍNTEGRA DO TEXTO DO JORNALISTA Raimundo Marinho sobre o reencontro dos professores e alunos que participaram da primeira aula, em 8 de setembro de 1972. Acesse:

http://www.mandacarudaserra.com.br/noticias/2022/polivalente.html

E veja o vídeo.

Você conhece a história do Colégio Polivalente de Amaralina?

Com o título acima Daniela Gonzalez informa sobre o Jubileu de Ouro do Colégio Polivalente de Amaralina no Portal Comunitário Nordesteusou (https://nordesteusou.com.br/).

Foto do prédio da Escola Polivalente de Amaralina publicada em texto de Daniela Gonzalez, no site do Nordesteusou, em 11 de maio de 2023.

LEIA MAIS, EM:

https://nordesteusou.com.br/noticias/noticas-do-nordeste/voce-conhece-a-historia-do-colegio-polivalente-de-amaralina-instituicao-completa-seus-50-anos-de-fundacao-confira

Os professores

Sempre dando a nota para melhorar a aprendizagem

Aulas ao ar livre proporcionam novas aprendizagens aos estudantes em Santo Estêvão. Notícia da redação do Jornal Grande Bahia Brasil, em 29 de outubro de 2021.

A ideia de levar a estrutura da sala de aula para a área externa da unidade escolar empolgou os estudantes do Colégio Estadual Polivalente de Santo Estêvão, onde estudam mais de dois mil jovens. Ao ar livre, perto do jardim, das árvores e de toda a natureza que cerca o espaço aberto, os alunos … LEIA MAIS ACESSANDO O LINK

https://jornalgrandebahia.com.br/2021/10/aulas-ao-ar-livre-proporcionam-novas-aprendizagens-aos-estudantes-em-santo-estevao/

Finalizando

A notícia sobre a inovação de “sala de aula” conduzida por uma professora de Santo Estevão provocou questões.

Você acredita que os professores são as “molas mestras ” das mudanças positivas nos modelos pedagógicos das escolas ?

Em entrevista a Santos ( 2010, p. 131- 163) Dilza Atta revelou que, sob a coordenação e supervisão da Faculdade de Educação da UFBA, a preparação dos professores e técnicos das escolas polivalentes valorizou o domínio da epistemologia das disciplinas e promoveu uma consciência crítica, contornando a ideologia implicita/explícita nos manuais elaborados sob a égide do domínio militar.

Será que isso contribuiu para que os docentes promovessem ou aceitassem mudanças no fazer pedagógico e administrativo nos polivalentes e em outras escolas?

Você quer saber mais sobre os polivalentes?

Leia as dissertações:

1-O ENSINO MÉDIO NA BAHIA E OS GINÁSIOS/ESCOLAS POLIVALENTES: a iniciação para o trabalho. ALDA QUINTINO DOS SANTOS . Também disponível no link http://www.cdi.uneb.br/site/

2-ESCOLA POLIVALENTE SAN DIEGO: UM ESTUDO DE CASO NA HISTÓRIA E MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA EM SALVADOR BAHIA. JOSÉ ALFREDO DE ARAÚJO. Dissertação disponível em http://www.cdi.uneb.br/site/

3-ARQUITETURA ESCOLAR: A essência aparece. Fábrica e escola confundem-se na escola Polivalente. Rita de Cássia Pacheco Gonçalves https://acrobat.adobe.com/link/track?uri=urn:aaid:scds:US:2cd43c02-8062-4e09-a09f-f8e4adf23a5c

Acesse também a Exposição Escolar e o texto-provocação dando um clik no título dos quadros abaixo:

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