A história da escola Almerinda Costa: uma trajetória necessária a ser contada

A exposição “A História da Escola Almerinda Costa: uma Trajetória Necessária a Ser Contada (1949-1975) ” busca historicizar o panorama da Escola, traçando a trajetória da instituição que vem formando gerações ao longo dos seus 71 anos de funcionamento. Deste modo, a Exposição busca contribuir com um novo olhar para a História da Educação, sedimentando a ideia de que investigar instituições escolares detém uma potencialidade epistêmica, seja por focar uma unidade de ensino em específico, seja por apresentar aspectos identitários dessa unidade escolar.

A instituição leva este nome em homenagem à professora Almerinda Costa a qual no dia 6 de janeiro de 1952, durante as comemorações da Festa da Lapinha, acabou falecendo em um grave acidente entre um ônibus e um bonde no Largo de Roma que ficou bastante conhecido na Cidade de Salvador, principalmente entre moradores(as) da Península Itapagipana.

A ORIGEM DA ESCOLA Almerinda Costa

1949: A INSTALAÇÃO DA “ESCOLA SUPLETIVA DO URUGUAI”

Fachada da escola em foto sem data

Acervo da instituição

Uma ata manuscrita encontrada no acervo da instituição informa a instalação da escola

TRANSCRIÇÃO DATILOGRAFADA DA ATA: Aos vinte e sete dias do mês de abril de mil novecentos e quarenta e nove, no prédio escolar da Colônia dos Pescadores, situado à Rua Araújo Bulcão, nº 13 – Distrito dos Mares, instalou-se a Escola Supletiva do Uruguai, destinada à alfabetização de adultos e adolescentes, de acordo com a portaria número 22 do Sr. Delegado Estadual de Educação de Adultos, publicado no Diário Oficial do mesmo dia e ano a qual tem o seguinte teor: Transferindo o curso supletivo vago no Convento de São Bento para o prédio escolar que funcionava à Rua Araújo Bulcão, nº 13, no Uruguai nesta capital, designando para regê-lo o professor Wylton Sento Sé Ribeiro. A instalação da escola noturna ocorreu às dezenove horas do dia 27-04-49 (vinte e sete de abril de mil novecentos e quarenta e nove) com a abertura da matrícula para o público do Uruguai, sendo o primeiro aluno matriculado, o Sr. Argeu Abdias de Adraúde (analfabeto). Compareceu ao ato de instalação da escola, o Sr. Paulo da Veiga Dutra, representante da Colônia dos Pescadores do Uruguai e outras pessoas residentes neste Distrito. E para constar, eu, Wylton Sento Sé Ribeiro, professor-regente da nova escola pública, lavrei a presente ata, a qual fica assinada por mim e pelos presentes. (Escola Supletiva do Uruguai, 27 de abril de 1949 Wylton Sento Sé Ribeiro, Regente).

Até então, a instituição funcionava como escola privada comunitária e passou à condição de instituição pública nesse momento, ao ofertar além dos turnos diurnos para os filhos dos pescadores, a educação noturna, a fim de alfabetizar esses pescadores. Para reger os três turnos de trabalho foi designado o professor Wylton Sento Sé Ribeiro, o jovem estudante normalista, ou seja, nomeado ainda como “leigo”. Surgiu então a Escola Almerinda Costa, ainda como “Escola Supletiva do Uruguai”.

Professora Almerinda Costa

Fonte: Acervo da instituição

DÉCADA DE 1950

ASPECTOS LEGAIS DA FUNDAÇÃO DA ESCOLA E ELEMENTOS DA SUA PROPOSTA PEDAGÓGICA

Em 1954, no dia 21 de janeiro, a escola foi designada como Escola da Galiléia, através da publicação no Diário Oficial do Estado da Bahia, mediante a Portaria número 61

Foto do Professor Wylton Sento Sé Ribeiro, 1959. Primeiro diretor da escola (1949-1956 e 1959-1994)

Fonte: Acervo da Instituição

Ainda para a década de 1950 foi localizado um caderno com registros da organização curricular adotada na escola no qual consta a relação de disciplinas e conteúdos da proposta pedagógica do ano de 1955.

Página do Caderno de Registros do ano de 1955

Fonte: Acervo da instituição

Quadro de Disciplinas e conteúdos. 1955

DISCI
PLINA
CONTEÚDOS
Gramá
tica
Notações Léxicas ou Ortográficas; separação de sílabas: número de sílabas e suas denominações; alfabeto ou a-bê-cê: as vogais e as consoantes; gênero: número e grau do substantivo; adjetivos e sinônimos e antônimos.
Aritimé
tica
Ideia de tempo; ideia de número; algarismos arábicos e romanos; operações fundamentais e graduação das dificuldades para a soma e subtração.
Geogra
fia
Forma e movimentos da Terra; orientação: pontos cardiais e colaterais; orientação pelo Sol e pelo Cruzeiro do Sul; acidentes geográficos; meios de transporte; vias de comunicação; Estado da Bahia: sua Capital e Estados e territórios do Brasil: suas capitais.
História do BrasilFundação da Cidade do Salvador; catequese dos índios: Padre Anchieta; os escravos: Abolição da Escravatura; Independência do Brasil; Maria Quitéria; Madre Joana Angélica; Dom Pedro II; Ana Neri; Castro Alves; Rui Barbosa.
Ciências NaturaisAs plantas: germinação; partes da planta; algodão; a lã; o linho; a água; o homem: esqueleto e aparelhos do corpo humano; os dentes e a mastigação; animais vertebrados e invertebrados; animais domésticos e úteis.
Educação Moral e CívicaGoverno: prefeitura e prefeito; serviços públicos; formas de governo; Bandeira Brasileira e Hino Nacional.
  
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Fonte: Elaborado pelo autor com base no Caderno de Registro do ano de 1955

Fonte: Acervo da Instituição

Capa e contracapa do livro Meu Segundo Livro: curso primário, usado na escola em 1955

Fonte: Acervo da Instituição

                                                                          

Disciplinas ministradas pela professora Semiramis ao 3º e 4º anos, distribuídos por hora e dias da semana

Fonte: Acervo da instituição

Alocação de professoras e mudança de local de funcionamento na década de 50

Fotografias de Margarida Alberto de Souza Santos e Semirames Sento Sé Ribeiro,1955, 1956. Duas das quatro primeiras professoras da escola.

Fonte: Acervo da Instituição

Portaria número 2292, publicada no Diário Oficial do Estado

Fonte: Acervo da Instituição

A portaria 2292 determinou que a Escola passasse a funcionar à Rua Araújo Bulcão, contando com as quatro primeiras professoras a serem lotadas na unidade escolar: Iracema Cumming de Pinho, Margarida Alberto de Souza Santos, Semirames Sento Sé Ribeiro e Odete Auta de Azevedo. 

A Portaria número 6.870, publicada no Diário Oficial do Estado, no dia 24 de novembro de 1959, determinou que a Escola Almerinda Costa passasse a integrar o Quadro de escolas da Capital baiana.

DÉCADA DE 1960

PERÍODO INTENSO DE AVALIAÇÕES E FESTIVIDADES

Encontrada no Acervo da Escola a “Portaria de Instruções para Promoção e Conclusão de Curso nas Escolas Públicas”, publicada sob o número 5432, no dia 5 de novembro de 1960, determinava que a verificação dos resultados escolares deveria ser realizada através de provas escritas objetivas, mediante análise das notas e considerado a média 5 (cinco) em cada uma das disciplinas.

                                          

Correções dos exames de promoção, 1966

Fonte: Acervo da Instituição

Correções dos exames de promoção, 1966

Fonte: Acervo da Instituição

Aparecem, em momentos de análise e correção dos testes de promoção: na primeira imagem, Wylton Sento Sé Ribeiro (diretor), Izabel Cyrino (professora) e Margarida Alberto de Souza Santos (vice-diretora); e na segunda imagem Wylton (de costas), Margarida e Izabel.

A validação e importância dos exames era tão alta que o próprio diretor participava do processo de correção, o que explicita a concepção de avaliação do período.

Alunos de 5º Ano, no ano de 1967, posando para foto da celebração de formatura juntamente com a professora da turma.

Fonte: Acervo da Instituição

A imagem mostra um fardamento pomposo que demonstra a valorização que cercava o processo de formatura da unidade escolar.

Fichas Avaliativas do ano de 1968

Fonte: Acervo da Instituição

As Fichas Avaliativas registravam as aprendizagens , chamadas na década de 60 de “aptidões,” que discentes deveriam demonstrar ao concluírem o Curso Fundamental, além de conceitos que expressavam os níveis de aprendizagem alcançados pelos alunos(as).

Profissionais que passaram pela escola do ano de 1954 até a decada de 1970

Com base em anotações manuscritas, realizadas pelo diretor Wylton Sento Sé Ribeiro que integram o Acervo da instituição foi elaborado uma relação de profissionais que passaram pela escola desde a primeira lotação (1954) até o ano de 1975.

Acesse aqui o Quadro com Profissionais que Passaram pela Escola  (1954 – 1974)


A Escola Almerinda Costa nos dias de hoje (século XXI)

Fotografia da fachada atual da Escola

Fonte: José Sacerdote, 2020

No ano de 1975, a escola passou a funcionar na Rua Vicente da Silva Alves, em um prédio de dois andares com 14 cômodos e seis salas de aula, inaugurando um novo período histórico da escola.  Hoje, a escola oferta Educação Infantil e Ensino Fundamental (do Grupo 5 ao 5º Ano do Ensino Fundamental). Conta com 6 salas,12 turmas, 15 professores(as) e 256 alunos(as), segundo a Secretaria Municipal de Educação de Salvador.


CRÉDITOS:

Pesquisa e organização – Alexsandro Conceição

Acompanhamento do processo de organização – Ladjane Alves Souza

Imagens- Acervo da Escola Almerinda Costa e Senhor José Sacerdote

Edição- Editoras do Blog Modos de Fazer Educação na Bahia

Sobre o autor da Exposição

Alexsandro Conceição é Mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), especialista em Gestão e Coordenação Escolar (Factiva) e em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade de Santa Cruz da Bahia (F.S.C.); graduado em Pedagogia Pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Foi coordenador pedagógico do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (NEJA/UNEB) em 2011; atuou como professor das redes municipais de Nazaré e Jaguaripe e como coordenador pedagógico municipal de Salvador, na Coordenadoria Regional de Educação da Cidade Baixa (2013-2014) e na Gerência Regional de Educação – Subúrbio I (2018-2019). Atualmente é coordenador pedagógico da Escola Municipal Juarez Góes de Souza, em Salvador e membro pesquisador do Grupo de Pesquisa História e Memória da Educação Brasileira (HIMEB-UFRB) e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Memória de História da Educação (MEHED-UFBA). 

PARA SABER MAIS SOBRE A HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES DO ESTADO DA BAHIA ACESSE AQUI E VISITE NOSSO Repositório de teses,dissertações,artigos e monografias

Lá você encontrará a dissertação de Alexsandro Conceição sobre a escola Almerinda Costa e textos de outros autores que estudaram instituições educacionais da Bahia.

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