Em Destaque: Fotos do professor Isaías Alves. À esquerda, quando Secretário de Educação e Saúde em foto publicada no Volume I do Boletim de Saude e Educação de dezembro/ 1940, localizado na Biblioteca do ICEIA
À direita Isaias Alves com uma aluna e a Vice Diretora, Armanda Di Tullio, em foto provavelmente do ano de 1964, recebendo em sua casa uma homenagem do ICEIA pelo seu aniversário. Foto de Vivaldo Tavares (Foto Jonas) localizada no Arquivo Público do Estado da Bahia.
Apesar dos muitos estudos...
Dados não atualizados e a ausência de estudos representativos da população de professores resultam na inexistência de informações específicas sobre como atualmente os professores baianos envelhecem e chegam à aposentadoria.
Silva e Fischer (2021) em uma revisão dos estudos sobre trabalho e saúde dos professsores concluiu que a partir de 2006 aumentou o iteresse por temas relacionados com a qualidade de vida desses profissionais. Vários estudos estão defasados quanto ao ano de referência e de um modo geral não oferecem informações para o estado da Bahia. Contudo, podem oferecer indícios que permitem conjecturar sobre a influência das condições de trabalho na qualidade do processo de envelhecimento da classe docente.
O que os professores brasileiros revelaram sobre suas condições de trabalho, em 2018, na pesquisa Talis.
A Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis – Teaching and Learning International Survey) investigou, a partir da percepção de professores e diretores, o ambiente de ensino e aprendizagem em escolas de anos finais e ensino médio de 48 países/economias durante os anos de 2017 e 2018.
Entre outros temas, a pesquisa tratou do nível de satisfação salarial e do nível de estresse dos professores brasileiros, revelando:
- Que apenas 18% dos professores dos anos fianis do ensino fundamental e 17% do ensino médio afirmaram que estavam satisfeitos com o salário que recebiam;
- Um percentual de 3 7 % dos professores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental estavam muito estressados com o esforço para manter a disciplina e com a responsabilização pelo desempenho dos alunos.
- Os professores de ensino médio sentiam-se estressados pela atividade de corrigir muitas provas e exercícios.
Veja abaixo alguns gráficos elaborados pelo Inep/MEC com base nos resultado da Talis 2018.



A Talis foi coordenada em âmbito internacional pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No Brasil, a pesquisa foi organizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e contou com a colaboração das secretarias de estado da educação de todas as unidades da Federação.
Que conjecturas podemos fazer sobre o quadro atual de professores baianos, a partir das informações do Censo de Professores de 2007?
Utilizando dados do Censo Escolar de 2007, o Inep realizou um estudo exploratório, esperando jogar nova luz sobre as características do professorado brasileiro. Os resultados permitiram fazer uma comparação entre o Brasil e as unidades da federação.
Vejam as tabelas e gráficos elaborados pelo Inep:






Os dados publicados revelam:
- A persistência da predominância das mulheres entre os docentes da Educação Básica na Bahia;
- Um percentual de quase 40% de professores com dois turnos de trabalho;
- O percentual de 60% de professores trabalhando em um só turno, um indicativo da não realização de atividades que representam um maior envolvimento com a escola;
- Cerca de 12% de professores trabalhando em mais de um estabelecimento escolar.
Os dados de idade de 2007, permitem afirmar, 16 anos depois que os professores baianos que tinham entre os 33 e mais de 50 anos, em 2023, devem estar na faixa de 49 e mais de 66 anos. Quem serão esses professores e como se encontram com relação à profissão e às suas condições de vida?
Os gráficos e tabelas foram extraídos do documento Censo do Professor , disponível no Portal Ministério da Educação através do link: http://portal.mec.gov.br/plano-nacional-de-formacao-de-professores/censo-do-professor
A saúde dos professores baianos.
“Fazer a chamada e ouvir dos alunos a palavra “presente” faz parte da rotina de qualquer professor. No entanto, todos os dias, ao menos cinco da rede estadual de ensino entram numa lista que os impedem de confirmar a própria presença em sala de aula”. Assim começa o texto escrito por Gil Santos publicado no Jornal Correio, em 26/08/2018, com o título de Problemas de saúde afastam cinco professores por dia .
Além de registrar que segundo a Secretaria da Administração do Estado (Saeb), de janeiro a agosto deste ano, 1.361 educadores foram afastados por problemas de saúde ( 3,4% de 40 mil profissionais da ativa), o texto traz depoimentos de professores sobre suas condições de saúde e de trabalho .
Para ler o texto completo acesse: https://www.correio24horas.com.br/minha-bahia/problemas-de-saude-afastam-cinco-professores-por-dia-0818
O mais importante é estudar o trabalho dos professores para melhor entender os seus problemas de saúde e o nível de satisfação com a atividade docente
Portanto, estudos voltados apenas para descrever as características dos professores e apontar seus níveis de insatisfação não contribuem para indicar soluções e assegurar um processo de envelhecimento mais equilibrado.
Em relato de pesquisa na qual professores foram estimulados a falar sobre o seu próprio trabalho, Leal (2019) escreve:
Desde o início ficava claro que o trabalho do professor era muito mais do que dar aulas. Eles começavam a trabalhar muito antes das aulas (porque tinham de planejá-las e prepará-las) e terminavam muito depois (porque tinham de fazer avaliações e prestar contas do que tinham feito, para as escolas ou para os pais/responsáveis dos alunos, sob a forma de preenchimento de registros, formulários, cadernetas, e porque tinham de participar de reuniões e outras programações, muitas vezes fora do horário de trabalho). Essas atividades tomavam tempo, obrigando os professores a fazer trabalhos em casa. Era um trabalho sem limites: não terminava ao fim da jornada, mas invadia toda a vida deles.
Essa rotina era, porém, influenciada pelas condições das escolas, tão diferentes pelo país afora (reflexo das nossas diferenças geográficas e principalmente das desigualdades socioeconômicas que insistem em nos deformar) […].
As rotinas também eram influenciadas pelas relações que existiam entre professores e seus empregadores, o Estado (nas esferas municipal, estadual e federal) nas escolas públicas e os donos das escolas na rede privada. Primeiro, devido ao salário que recebiam. […]
Mas, sem dúvida, a rotina, a atividade dos professores dependia fundamentalmente dos seus alunos e, por isto, não é de se estranhar que os alunos tenham sido o tema mais importante das reuniões de ACT.
Transcrito de Lições de professores sobre suas alegrias e
dores no trabalho, texto de Leda Leal Ferreira publicado no Cad. Saúde Pública 35 (Suppl 1) • 2019. Para ler, acesse : doi: 10.1590/0102-311X00049018
Para ajudar a refletir sobre o tema do envelhecimento dos professores em tempos presentes, trazemos outros aportes.
Você conhece essa linda figura?

No SESC Digital (https://ead.sesc.digital/), com apresentação da atriz Zezé Motta, o curso COMO ESTAMOS ENVELHECENDO convida à reflexão sobre a cultura da longevidade e o envelhecimento ativo, desmistificando estereótipos ligados à velhice e apontando-a como uma fase de novas experiências, aprendizados e oportunidades.
Para ter acesso, use o link https://ead.sesc.digital/cursos/como-estamos-envelhecendo/sobre
Sobre a imagem :
Zezé Motta na novela O Outro Lado do Paraíso, 2017 em foto de Raquel Cunha/Globo
Disponível em https://memoriaglobo.globo.com/perfil/zeze-motta/noticia/fotos-zeze-motta.ghtml
Leia o texto
Idade subjetiva: o mistério por que uma pessoa se sente mais jovem do que é Texto de ENRIQUE ALPANES Publicado em EL pays, em 15 de março de 2023.
De acordo com um estudo de 2006 publicado no Psychonomic Bulletin &
Review, adultos com mais de 40 anos percebem-se, em média, 20% mais jovens
do que indica sua identidade… Leia mais em https://elpais.com/smoda/bienestar/la-edad-subjetiva-el-misterio-por-el-que-una-persona-se-siente-mas-joven-de-los-que-es.html
Assista um filme
Carregadoras de Sonho é uma produçãodo SINTESE, do ano de 2010 , dirigido pelo cineasta baiano Deivisson Fiúza, que aborda temas relativos à vida e trabalho de professores públicos
FICHA TÉCNICA:
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sergipe apresenta um filme de DEIVISON FIUZA
– produzido por SINTESE
– co-produzido por WG PRODUÇÕES
– fotografia ÁLVARO ROCHA -música MILTON GOULART direção de – produção MARCOS LEITE
– design DIEGO OLIVEIRA
– ano de produção 2010
– local de produção SERGIPE
CONHEÇA A REVISTA
Mais 60 -Estudos sobre envelhecimento uma produção do SESC -São Paulo. https://www.sescsp.org.br/category/revista-mais-60/

Capa do vol. 32, n82 abril 2022 da Revista Mais 60 -Estudos sobre Envelhecimento.
PARA SABER MAIS sobre o estudo de Silva e Fischer citado no início desta página veja:
O perfil das publicações sobre condições de trabalho e saúde dos professores: um aporte para (re) pensar a literatura de Jefferson Peixoto da Silva e Frida Marina Fischer publicado em• Saude soc. 30 (4) • 2021 . Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-12902021210070