A imagem em destaque que abre essa exposição traz uma visão geral da Península de Itapagipe, em Salvador, onde está localizado o prédio do CMEI Baronesa de Sauípe, no largo do Papagaio, 77 Ribeira. Na Península também se encontram pontos turísticos como a Igreja do Bomfim, a praia de Mont Serrat, a ponta de Humaitá, Boa Viagem e outras atrações.
Imagens do passado e do presente da Escola Baronesa de Sauípe, em fotos do acervo da escola.
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Descrição das imagens
Imagem 1. Fachada do prédio escolar ainda sem muros altos. (1975, Jornal A Tarde).
Imagem 2. Fachada do prédio oculto por muros altos decorados com desenhos infantis. (Foto de 2019 no acervo da escola).
Imagem 3. Alunos na área de recreação. Notar o uniforme dos alunos e a vestimenta da professora. (Foto do passado, sem data, no acervo da escola).
Imagem 4. Alunos na área de recreação. (Foto do presente, sem data, no acervo da escola).
Imagem 5. Professora e alunos em foto do tempo presente. (Acervo da escola).
CMEI BARONESA DE SAUÍPE: 86 ANOS DE HISTÓRIA


Fonte: Jornal da Bahia, 12 de maio de 1975 – acervo da escola
Imagem da fachada da escola em 2019 Fonte: site: http://educacao3.salvador.ba.gov.br/mostra-de-arte-destaca-a-historia-do-cmei-baronesa-de-sauipe-e-expoe-producao-de-alunos/
O atual Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Baronesa de Sauípe que foi inaugurado, em 13 de maio de 1935, com a denominação de Jardim de Infância Baronesa de Sauípe tem uma trajetória na educação baiana de muitas histórias, memórias, recordações e afetos construídos aos longos de seus 86 anos de existência.
Em sua história recente o CMEI Baronesa vive uma reconstrução que levou à demolição de seu prédio. Prédio este que abrigou muitas vivências, festas, encontros, reuniões, visitas e sobreviveu a mais de cinquenta anos. Agora, cede espaço para uma nova construção.
Para marcar esse momento de uma instituição que fez e faz história na educação infantil, iremos relembrar a 10ª Mostra de Arte realizada em 2019 para marcar os 84 anos da instituição. Neste ano a mostra de artes (que é realizada todos os anos na unidade) integrou a mostra intitulada “Exposição Escolar: Iconografia da escola de outrora aos tempos da selfie”, uma iniciativa do Grupo de Pesquisa em Educação e Currículo (GPEC), Projeto Memória da Educação na Bahia e outros grupos de pesquisa e pesquisadores sediados em universidades do estado da Bahia. A proposta inicial da Exposição foi a de estimular as escolas a levantar documentos, materiais e fotografias sobre sua história e cotidiano escolar culminando com uma exposição na própria escola, de modo a iniciar ou fortalecer a constituição de seu acervo escolar e a construção de narrativas sobre o seu próprio percurso. O corpo docente e gestão da Baronesa de Sauípe de pronto aceitaram a proposta e realizaram no prédio da escola, em 2019, a mostra que recebeu o titulo de “Por entre histórias e memórias”, além da história da escola, expôs as produções das crianças que fizeram releituras de diversas obras de artistas plásticos.
Por entre histórias e memórias…
Aspectos da Exposição realizada, em 2019, no prédio do CMEI por seus professores e gestores

A exposição de 2019 foi hora de relembrar, conhecer e saber um pouco mais através das fotos antigas que revelam as festas, comemorações, recreações, atividades em sala e muitos outros momentos vividos nos mais de 80 anos de história.
(Em 2019 A Baronesa completou 84 anos.)
Duas gerações no mesmo espaço…
É uma tradição os pais que estudaram na Baronesa trazerem seus filhos para estudar também na escola


Na Foto 1. Adultos e crianças visitam a exposição
Foto 2. Passado e presente: Renato e Raoni, pai e filho, ex-aluno e aluno da Baronesa

Ex-aluna surpresa ao se reconhecer na foto.

Além das fotos, outros objetos ajudaram a compor a exposição. Renato levou sua toalhinha que usava no tempo que estudou na Baronesa.
A ESCOLA DE OUTRORA…
Aspectos do cotidiano do CMEI no passado


Em momentos distintos as crianças brincam no parque (O uniforme escolar indica tempos diferentes) . Fotos do Acervo da Escola
A exposição feita na escola mostrou para as crianças de hoje que o parque sempre foi um lugar de muita exploração, brincadeiras e diversão.

Publicação no Jornal da Bahia em 12 de maio de 1975 anunciando programação pela passagem dos 40 anos da Baronesa de Sauípe

Painel com recortes de jornais com notícias sobre a escola Baronesa de Sauípe.
Apelo da comunidade pela ampliação das vagas no Jardim de Infância
Trecho de uma reportagem de um jornal local – Salvador-BA, 1956

Anúncio da inauguração do novo prédio do Jardim de Infância Baronesa de Sauípe

Fonte: Diário de Notícias – Salvador-BA, 16 de março de 1963 – acervo da escola
EM 2019, NOS TEMPOS DA SELFIE…

Pais, alunos, pessoas da comunidade em visita à exposição
A mostra de 2019 contou com a presença dos pais, avós, familiares, pessoas convidadas. Alguns desses ex-alunos que hoje têm filhos na unidade ou que visitam para recordar os tempos vividos nesse espaço.


Aspectos da exposição em fotos do acervo da escola
No auditório foi exposta a maioria das fotos e memórias que compõem a história da escola. Nas salas ficaram as produções das crianças



Pais e alunos em roda de conversa no dia da exposição
Cada sala de aula se transformou para receber os visitantes que ficaram conhecendo sobre o que os meninos e meninas aprenderam, além de apreciarem as produções dos pequenos.

Mesmo passado alguns anos o status de modelo de ensino permaneceu. O que faz com que o CMEI até hoje seja procurado por muitas famílias que desejam matricular seus filhos.
Foto do arquivo pessoal da professora Valnisia Daltro
E EM 2021, O ADEUS…
Depoimentos marcam a despedida do prédio que foi demolido
“Baronesa é minha vida e mora em meu coração”
Muitas Das Memórias registradas em depoimentos Foram Suscitadas Com O Anúncio Da Demolição Da Escola. Uma Escola Com Tantos Anos De Existência E Que Guarda O Respeito E Admiração Pelo Trabalho Que Realiza E Pela Sua Importância Histórica.
Depoimento da gestora da unidade, a professora Plautila Neves



CMEI Baronesa de Sauípe, nós emaranhamos as nossas histórias… Num mister de formação profissional e pessoal, é nesse ambiente que venho bordando meu caminhar. De fato e como traz o hino, esse espaço tão rico, tão meu e tão nosso faz com que “meu coração bata tão feliz…“
No ano de 1997, conheci a instituição Baronesa de Sauípe, como estagiária de graduação da UNEB. Naquele momento, ratifiquei duas convicções: meu desejo de ser uma estudiosa da infância e que aquele ambiente rico e caloroso seria a instituição onde atuaria como docente! Imagine o quão feliz fiquei em 2004, ao adentrar como professora na REDE Municipal de Salvador, ter tido a grata oportunidade de escolher esse CMEI como meu domicílio profissional.
De 2004 até o ano de 2022, entre docência e a gestão escolar, no dia 20 de abril, completarei 18 anos, nesse espaço de interação e respeito à infância, repleto de aventuras, descobertas, desafios e muitas aprendizagens. Muitas vezes, percorrendo o CMEI Baronesa de Sauípe, encantada com o que ele emana por entre os muros e para além deles, é visível a concretização de um ambiente que obedece aos padrões de qualidade, no que tange ao atendimento da primeira infância. Num olhar descortinado, podemos contemplar por entre suas paredes coloridas e os atores dessa história, situações provocadoras de aprendizagem, tramadas mediante uma riqueza de sentimentos, ideias e palavras.
É um pulsar coletivo de práxis que favorecem o brincar, a exploração, o estar junto, o respeito à individualidade e os saberes historicamente constituídos.
Paredes de tantas histórias, tantas vivências, significados e memórias afetivas… Quando te vi demolidas, ruindo, vindo ao chão… um amargor me veio à boca e as lágrimas não puderam ser contidas. Afinal, não esperava algo tão abrupto! Sei que a ampliação precisava acontecer, pois como faz parte do processo histórico dessa instituição, sempre carecemos ampliar o espaço para atender a demanda.
Precisamos, pois, nos imbricar no projeto, levando as nossas inquietudes e defendendo o que nos é caro. Do que não abrimos mão? Qual o alicerce do CMEI Baronesa de Sauípe para além do cimento e do tijolo? Enquanto educadora, sempre almejei um espaço educativo, onde haja o estar junto.
Esperançosa de que as relações entre seres potencializem o construir, o vivenciar, o atuar, o trocar, o ceder, o descobrir e o humanizar, estabelecendo, de fato, uma Educação Integral e dinâmica entre os sujeitos envolvidos.
Em meio às minhas convicções sobre a docência, ouso lançar algumas elucubrações sobre ambientes qualitativos para Educação Infantil: a modernidade estará nas cores, sons e cheiros emanados pela natureza, na constituição de um espaço brincável, onde a amplitude de espaços livres se sobreponha ao “ideal“ de sala de aula construída.
Destarte, como nos traz os Parâmetros de Infraestrutura¹, vislumbro a modernidade do nosso CMEI onde seja favorecido um espaço educativo, que possa ser explorado “com as mãos e com a mente”; recheado “de aventuras, descobertas, criatividade, desafios, aprendizagem e que facilite a interação criança–criança, criança–adulto e deles com o meio ambiente.” (p.8)
¹ BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros básicos de infraestrutura para instituições de educação infantil. Brasília: MEC, SEB, 2008.

Foto: Festa Junina, em 2018
Há 18 anos no CMEI Baronesa de Sauipe a professora Plautila Neves atualmente ocupa a gestão do CMEI
Depoimento de Jacqueline Siloé, ex-aluna e mãe de aluna

Ter estudado na escola Baronesa de Sauipe é uma das poucas lembranças boas que tenho da minha infância, passei por todas as salas coloridas e tive professoras maravilhosas, atenciosas e competentes, era uma criança curiosa vivia perguntando as coisas e sempre queria aprender mais, os momentos de diversão no parque também eram muito bons e de vez em quando voltava pra sala de joelho ralado (risos).
Lembro também de um aniversário que comemorei na escola junto com um colega que fazia aniversário na mesma data e pude levar uma amiguinha da minha rua que não estudava lá e também a irmã dela que era de uma sala diferente e pode ir cantar os parabéns. Minha mãe tem um álbum cheio de fotos desse dia.
Também lembro das festinhas comemorativas de São João, dia das crianças, natal entre outras era sempre muito divertido.
Ao lado, Jacqueline em sua residência pronta para ir para escola. Usando fardamento da Escola Baronesa de Sauípe entre os anos de 1996 e 1997. (Arquivo da depoente) .

Na foto, Jacqueline Siloé, sua filha Leandra de 5 anos e a professora Valnisia Daltro que foi professora de Jaqueline e de sua filha. (Foto do arquivo pessoal da professora Valnisia Daltro
Fiquei triste quando tive que sair de lá mas a vida segue e alguns anos depois quando estudei na escola ao lado na 6° série a professora de matemática junto com a turma desenvolveu uma peça teatral com músicas de paródia que me lembro até hoje das letras e nós apresentamos no palco da Baronesa eu fiquei tão feliz de poder estar ali naquele auditório de novo me apresentando.
E pra finalizar quando minha filha completou a idade para poder estudar na Baronesa eu fiquei ainda muito mais feliz de saber que ela teve a oportunidade de criar boas lembranças desse local maravilhoso inclusive teve como professora uma das minhas professoras na época e outras professoras maravilhosas também.
Minha filha gostou muito do tempo que passou e tenho certeza que assim como eu ela também vai sentir muitas saudades.
#EternamenteBaronesa
Depoimento da professora Denise Eloi que trabalha no CMEI há mais de 10 anos





Nessas fotos estão algumas das recordações da professora Denise Eloi

Ela prefere lembrar da escola a partir dessas fotos que retratam:
“Os dias festivos, de alegria com crianças brincando e o CMEI vivo, pulsante…”
Depoimento da professora Valnisia Daltro

Assim definiu seus anos atuando como professora: “São 39 anos de ‘Educação, Arte e Alegria’ . Destes 29 foram na Baronesa.”
“Todos esses anos trabalhei na sala verde. Cada sala tinha uma cor e a minha era verde.”

“Quando venho para Escola Baronesa, meu coração bate tão feliz…” no dia 15 de maio de 1992 foi assim que me senti. A Baronesa de Sauípe era um espaço mágico onde vivi várias personagens, alimentando a fantasia e dando asas à imaginação das crianças. Entre palhaço, bruxa, papai Noel, borboletas, carnaval, índio, contação de histórias eu fui condutora de alegria e aprendizagem. Depois de 29 anos meu coração ainda bate muito forte pela Baronesa. A Baronesa era minha vida e morava no meu coração. Digo foi, porque a Escola foi demolida no final do ano passado, 2021, e teremos um novo CMEI Baronesa de Sauípe.
A professora Valnisia Daltro realizando dobraduras com seus alunos na sala verde.
Depoimento da professora Kênia

Essa foto retrata bem o sentimento da professora Kênia.
“Era uma farra… Fazia banho de mangueira. Me divertia tanto quanto eles…”
Um misto de alegria, saudades e despedida!
Nossa escola será demolida para construção de uma nova Baronesa de Sauípe, para alguns isso é muito bom, para quem viveu e vive a Baronesa na sua essência, é incompreensível.
Uma escola tão linda, acolhedora, especial, referência na Educação na Cidade Baixa e de Salvador, a primeira escola pública construída especialmente para a Educação Infantil sucumbiu a forças maiores.
Não é só uma escola que será demolida, serão 86 anos de história, de saberes, de amor!
Sentirei saudades de cada cantinho que deixará de existir, as salas coloridas, a quadra, o auditório, nosso jardim e o nosso parquinho! A nossa escola não será esquecida, ficará guardada nas lembranças de cada pessoa, de cada criança que faz parte dessa história e que viveu o encanto da Baronesa de Sauípe.
Depoimento de Vania Paixão, ex-aluna, e atualmente professora do CMEI Baronesa

Festa de São João em 1983. Vania com 4 anos entre professoras.
Minhas lembranças são do parquinho e das casas de bonecas. Eu era da sala amarela e ficava encantada com as casinhas. Só tinha 3 anos e até hoje lembro das brincadeiras que a professora fazia e das casinhas de bonecas. Lá me sentia criança. Só tenho gratidão por essa escola.

Depoimento da professora Verônica de Jesus Brandão


Mesmo estando pouco tempo no CMEI Baronesa de Sauipe pude presenciar cenas de ex-alunos que regressaram para visitar os espaços do CMEI. São ex-alunos hoje com idade mais avançada, também tem aqueles que a saudade e as memórias ainda estão mais “quentes”. Vi lágrimas, emoções, reencontros, lembranças e memórias serem derramadas numa simples visita. Presenciei uma ex-aluna que levou sua filha adolescente para conhecer onde ela estudou na educação infantil. Ela chorou ao subir no palco do auditório e relembrar apresentações que fez quando pequena. Vi várias pessoas aos visitar os espaços ficarem mudas olhando as salas, andando pelo corredor parecendo até que elas haviam voltado no tempo.
A EQUIPE… A FORÇA DA ESCOLA
Rosa, Amarela, Azul, Verde e Lilás,
Com essas salas coloridas
Nossa escola é demais!




Muitos são os espaços que irão ficar na memória dos pequenos. O parquinho e tudo que cabe na imaginação, as casinhas e o faz-de-contas, o pomar e suas frutas deliciosas, a biblioteca com seus livros encantados. As experiências, os amigos, as brincadeiras, o se lambuzar de tintas, as pessoas… Tudo foi relatado pelos pequenos como o que eles nunca vão esquecer.

Equipe da Baronesa de Sauipe do ano de 2019, em foto do arquivo pessoal da professora Plautila Neves
Equipe gestora: Diretora – Plautila Neves; vices: Mariana Gomes e Rubia Nara Souza.
Coordenação: Arlinda Coelho.
Secretaria: Mariza Reis, Bruna Bulhosa.
Docentes: Adriana Barbosa, Denise Eloi, Emanuella Andrade, Jaivana Conceição, Kênia Nossa, Mariana Gomes, Rubia Nara Souza, Valnisia Daltro, Vania Paixão, Verônica Brandão.
Auxiliares: Aureney Santos, Iasmim Barbosa, Bruna Lisiane, Verônica Sales, Neilde dos Anjos, Tamilles Joaquim, Lívia Cruz, Margarida Mota.
Agentes de limpeza: Mariluce Barros, Rosalina Nascimento, Eliene Silva.
Merendeira: Alcione Gomes Santos.
Porteiros: Rubem Santos, Robson Lopes.
CRÉDITOS:
Agradecimentos
Essa exposição contou com a calorosa e amorosa participação dos professores do CMEI Baronesa de Sauípe. Agradecemos, em especial as professoras: Denise Eloi, Valnisia Daltro, Plautila Neves, Kênia Nossa, Vania Paixão e a ex-aluna Jacqueline Siloé pela colaboração com depoimentos, fotos e informações para construção dessa exposição.
Concepção e Organização
Verônica de Jesus Brandão
Revisão e Edição
Editoras do Blog
Sobre a autora: Verônica de Jesus Brandão é uma das editoras do Blog Modos de Eazer Educação na Bahia e já participou da organização de outras exposições divulgadas no Blog.
Para saber mais sobre Verônica:
Acesse as páginas Exposição Escolar e O blog, as editoras e os compromissos
Leia o texto-provocação do mês de janeiro/2022 – A demolição do prédio do CMEI Baronesa de Sauípe (1935-2021)
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