Conheça a Revista do Ensino Primário de 1892 – Primeira República.

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Na edição especial de aniversário Parte 3/3 oferecemos um brinde:

Cópias em PDF da Revista do Ensino Primário, uma revista pedagógica editada entre 1892 e 1893 por professores primárias do município de Salvador

Edição especial de aniversário – Parte 3/3

25/11/2022

Na Edição especial de aniversário – Parte 3/3 vamos dar a conhecer os 12 números da Revista do Ensino Primário localizados no Setor de Periódicos Raros da Biblioteca Pública do Estado da Bahia, atualmente denominada Biblioteca Central.

Criada por professores primários a Revista do Ensino Primário traz informações sobre aspectos da realidade e do cotidiano das escolas, registra e denuncia questões administrativas e de gestão da educação, nos possibilita conhecer para além das vozes veiculadas em mensagens, relatórios e outros documentos oficiais.

Veja trechos da página 72 do artigo A VOZ DOS PROFESSORES BAIANOS NO INÍCIO DA REPÚBLICA: A REVISTA DO ENSINO PRIMARIO (1892-1893) que trazem mais informações sobre a revista:

Na capa, o nome dos redatores – Leopoldo dos Reis, Luis Leal e Theotimo de Almeida –, antecedidos do título “professores”, indica a vinculação do periódico aos profissionais da educação e às questões do ensino.

No editorial do número 1, datado de 28 de outubro de 1892, os redatores apresentam o lema e os objetivos da Revista, em matéria assinada pelo professor Leopoldo dos Reis. A Revista estava empenhada na causa do professorado, da criança e do ensino primário.

Para saber mais acesse :

A voz dos professores baianos no início da República – A Revista do Ensino Primário (1892-1893). Revista HISTEDBR On-line, v. N.36, p. 70-82, 2009. E. C Santana

Seus redatores ocuparam posições importantes ao longo de suas trajetórias profissionais. Argemiro Plácido Cavalcante foi professor da escola elemetar masculina anexa à Escola Normal , foi conselheiro no Conselho de Instrução como informam atas dos anos de 1916 e 1917.

Leopoldo dos Reis teve sua atuação reconhecida quando o seu nome foi dado a um Grupo Escolar que, segundo relatório do ano de 1938, de Dinalva Oliveira Munford, delegada escolar da capital, funcionava na Baixa das Quintas.

Prédio na Baixa de Quintas , rua GENERAL ARGOLO – 01, em Salvador onde a escola referida no relatório de Dinalva Oliveira Munford funcionou até 2018 com o nome de Escola Estadual Leopoldo dos Reis . De acordo com o site http://escolas.educacao.ba.gov.br/ a escola está paralizada.

Mas, o reconhecimento maior pela criação da revista veio de Alberto Assis, delegado municipal de ensino, também delegado estadual de ensino. Essa figura conceituada nos meios educacionais, no texto sobre a Escola Primária redigido para compor o Diário Oficial Comemorativo da Independência, em 1923, refere-se de forma elogiosa ao periódico e lamenta a falta de professores combativos como os que publicavam artigos na revista entre os quais se encontravam, além dos redatores, Diogo Vallasques, Cincinnato Franca e outros.

Manoel Thimoteo de Almeida, um dos redatores da revista do Ensino Primário.

O LEMA DA REVISTA

< Nos etiam pro causa nóstra pugnamus >

O lema “Nos etiam pro causa nóstra pugnamus” indicando que os professores lutavam por uma causa dos profissionais da educação é desdobrado no texto do editorial do primeiro número publicado para demonstrar que se trata de uma luta mais ampla voltada para a instrução e a educação em geral.

Acima um pequeno trecho do editorial publicado no Número 1 da Revista do Ensino Primário de outubro de 1892

Abaixo a Página 3 do Número 1 da Revista do Ensino Primário com a continuidade do editorial de lançamento.

Nos artigos estavam presentes a denúncia, a crítica e a incessante busca de alternativas para melhoria das condições físicas e pedagógicas na escola primária

É o que expressa a voz de Leopoldo Reis no artigo Seções Escolares.

Veja abaixo parte do artigo:

Passando horas  longas  em  nossas escolas,  que  são  geralmente  casas  que  não  obecdecen a  nenhuma  lei  de  hygiene, casas communs, engrasadas umas nas outras, em ruas immundas, sem ventillação e luz convenientes, em pessima posição astronomica; algumas até sem agua, sem latrinas, sem  mictorios, com espaços acanhados,  mobilia  ruim,  quando tem, ( porque muitas  ha  que  servem  para  assentos  caixões  de  sabão  e de gaz ); sem parques, sem  jardins,  sem  alpendrios, sem logares proprios  para  recreio;  prendam-se  nessas  escolas  em  duas secções crianças que  durante  á  tarde  de 2 ás 4  horas só  teem para  respirar  ar  confinado,  rarefeito, dilatado  pelos  ardores solares e supportando  os  mesmos  raios  solares  que  batendo em  chapa  na  frente  do tal  edifício, a que chamam escola, penetram  por  toda  a sala,  desenvolvendo  uma  athmosphera abrasadora, que arruina  pouco a pouco  a vida do  professor e das pobres criancinhas!

A’ tarde, para quem conhece isto praticamente, as  nossas escolas são insuportáveis.

Meninos  empobrecendo  a  vida,  já de  si  tão  pobre,  pela abundancia  copiosa  de  suor,  languidos,  flacidos,  cheios  de torpor,  aborrecidos  e respirando  mais o proprio  anydrito carbonico das suas combustões organicas, do que o  oxigeneo  que em troca d’aquelle deleterio gaz  devia estar  cheio  o  ambiente escolar, para  lhe refazer  as  perdas que soffrem  com os compli­cados phenomenos da respiração.

E é em edificios de tal natureza, num clima calido como este, especialmente no verão, que se exige duas secções escolares! Na Europa  as secções escolares são feitas de conformidade com as estações  annuaes; entre nós tudo, porem se copia sevilmente , sem procurar-se os meios de adaptabilidade, do que no velho mundo se faz com sciencia e conhecimento prático da natureza e da socociedade.

Transcrição de acordo com grafia original da página 59 do número N.4-de 1º DE FEVEREIRO DE 1893

Nos diversos números as vozes levantadas clamam pela valorização e respeito à classe dos professores

É novamente a voz de Leopoldo dos Reis que no artigo Ainda Casa Escolar clama por autonomia e respeito.

Veja parte do artigo:

Havemos de trabalhar, cumprindo, como temos  cumprido o nosso dever, pela autonomia da nossa classe e pela elevação do ensino na republica.

Respeitamos as auctoridades prepostas ao ensino dentro da orbita legal, mas não temos o feitichismo de adorar homens simples mortaes – como se fossem semi-deuses do Olympo, aos quaes devessemos genuflexos beijar a plantas implorando que fizessem chover sobre nossas cabeças a luz de sua eterna sabedoria e a cornuncopia  de suas graças.

Não! Isso nunca alcançarão de nós.

O professor é um factor de primeira linha na ordem social ; e deve, repetimos, como qualquer funccionario, respeitar os que dirigem bem ou mal a instrucção; mas como cidadão, tem o direito de livre exame e de critica a respeito dos negocios publicos e especialmente no que toca a instrucção.

Não queremos alimentar odios nem caprichos  pessoaes, mas tambem não fazemos questão que nos estimem.

O que queremos  é  que  nos  respeitem, assim  como  respeitamos.

Não nos humilhem; não queiram nos abater. Para que ódios, para  que desaffeições ?

Respeitemo-nos e…“Laboremos.”

Transcrição de acordo com o original de parte da página 144 do N.8 de 1º DE JUNHO DE 1893.

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Clique aqui e conheça o título dos artigos publicados na revista

Listagem do conteúdo das revistas

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Clique no link abaixo da imagem das capas e acesse o pdf dos números de 1 a 12 da Revista do Ensino Primário.

CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA VER CÓPIA DE OUTROS DOCUMENTOS NA PÁGINA DOCUMENTOS HISTÓRICOS NO ACERVO DO GPEC. https://modosdefazer.org/documentos-historicos-levantados/

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