As considerações de um pequeno grupo de profissionais das escolas do tempo da selfie sobre alfabetização.

Em destaque: Foto de alunos da Escola D.Pedro II, do Sindicato dos Ferroviários de Nazaré, oferecida como lembrança ao Inspetor Escolar, em 28/09/1940. Localizada no Arquivo Público do Estado da Bahia.

UMA INTRODUÇÃO

Entre 29 de junho e 05 de Julho, quinze mulheres profissionais de educação responderam perguntas sobre alfabetização. Devolveram os formulários enviados pelo GPEC seis profissionais do Ensino Fundamental I, dois do Ensino Fundamental II, quatro da Educação Infantil e três atuando na Educação de Jovens e Adultos. A enquete atingiu somente um pequeno grupo, que não é representativo do grande número de educadores em exercício em nossas escolas. Porém, as respostas e os comentários registrados trazem informações importantes que merecem ser compartilhadas.

DESAFIOS ENFRENTADOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Veja as respostas dada para a pergunta:

Quais os desafios enfrentados por você no que diz respeito ao processo de alfabetização para o nível em que atua?

Respostas das profissionais do Fundamental I

Professora 1–  Frequência de alunos e apoio familiar

Professora 2 – Os diferentes níveis em que se encontra cada educando e não há material específico para aqueles que ainda não alcançaram a alfabetização.

Professora 3– Uma formação adequada com o apoio técnico para atender as demandas e dificuldades que os alunos apresentam nas aulas

Professora 4– Compartilhamento  

Professora 5 – Acredito que seja justamente o pouco investimento em ações efetivas para uma boa alfabetização. Ainda sofremos, principalmente no setor público, com os improvisos e as propostas desconexas com  a realidade das escolas e dos educandos. Algo que melhorou bastante ao entender que quem deve formar o professor é ele mesmo, ou seja,  quem está no chão da escola é quem mais entende sobre seu sistema de funcionamento e suas necessidades. Outra questão são as descontinuidades dos processos de formação  e produção e socialização de materiais didáticos, ou seja, a cada governo ou dentro do mesmo governo passamos por uma mudança de pensamento, estratégias, de acessoria, etc. Por fim considero que é preciso um esforço integrado para que o processo de alfabetização atinja os objetivos determinados o que por vezes não ocorre, pois não há uma consonância nos métodos, formações e/ou materiais didáticos disponibilizados.

Coordenadora  -A infraestrutura das escolas

Respostas das profissionais do Fundamental II

Professora 1 – Falta de formação adequada

Professora 2 – Falta de comprometimento dos responsaveis, salas superlotadas, inclusão de alunos especiais(exclusão) sem suporte adequado, falta de auxiliar de classe qualificadas para receber esse público, falta de materiais, unidade escolar necessitando de reforma. A escola tem que ser um lugar prazeroso, no qual a criança sinta o prazer de estar.

Respostas das profissionais da Educação Infantil

Professora 1 -Trabalhar com a escrita, reconhecimento de letras e números com crianças que não desenvolveram a questão motora assim, não apresentou requisitos básicos como a preensão do lápis.

Professora 2 – Falta de suporte estrutural, formativo e da garantia de tempo pedagógico para planejamento das atividades realizadas

Professora 3- Material disponível e capacitação

Professora 4 -Trabalho o letramento, com propósitos comunicativos,os quais contextualiza as situações didáticas. Oportuniza a criança pensar na resolução de problemas do cotidiano
Alfabetizar de forma mecânica, juntando as letras não proporciona aprendizagem, extrair sentido das coisas, do mundo.

Respostas das profissionais da Educação de Jovens e Adultos

Professora 1-São muitos os desafios, pois os governantes não querem investir na modalidade de alfabetização, sempre deixam para as escolas resolverem, como se o problema fosse da escola, dos professores e não dá gestão municipal

Direção/Vice-diretora – Um grande desafio é em uma mesma sala de aula de Educação de Jovens e Adultos alfabetizar pessoas com diferentes faixas etárias e discrepantes conhecimentos básicos

Professora 2 – Um dos maiores desafios é manter o aluno frequentando as aulas durante todo o ano letivo, a evasão nessa modalidade é muito alta,  estou falando da EJA. Outro desafio é adequar o currículo às reais necessidades/interesse dos alunos.

Veja o que disseram as profissionais sobre as ações para apoiar a alfabetização na educação infantil, ensino fundamental e educação de jovens e adultos desenvolvidas no período de 2016 a 2023 .

Profissional 1– A maioria dos projetos estão vinculados a empresas terceirizadas que prestam serviços de formação e monitoramento da alfabetização. Fornecem também material didático para o aperfeiçoamento da alfabetização, porém estas sofrem severas críticas por parte do professorado que entende algumas dessas ações como desconexas da realidade educativa do munícipio, dentre outras questões. Cabe aos professores e professoras fazerem adaptações para atender as necessidades da sua turma que, na maioria das vezes, é composta por crianças em diversas fases de aprendizagem e questões cognitivas laudadas ou não. Não seguindo assim uma linearidade como os materiais didáticos sugerem;

Profissional 2 – Diversos projetos foram desenvolvidos, na área da leitura e escrita e outros para amenizar os problemas de alfabetização de acordo com a idade;

Profissional 3 – Projeto Semeando a Leitura…as crianças levam livros para casa, fazem a leitura e compartilhavam com os colegas. Culminâncias a cada trimestre;

Profissional 4 – Projeto de leitura,  intervenção e recomposição das aprendizagens;

Profissional 5 – Projetos Se Iiga

Sobre a formação dos profissionais

Das quinze profissionais, 11 responderam não para a pergunta: Você tem notícias de algum projeto ou ações voltados para a formação de professores alfabetizadores no período de 2016-2023? 

As quatro que responderam sim , indicaram os seguintes projetos ou ações:

1 – A gerência regional de Cajazeiras, da Prefeitura de Salvador, tem promovido encontros para formação de professores retratando a questão da inserção das crianças no mundo letrado, ou seja, para desenvolver a escrita de forma individual e coletiva na educação infantil;

2- Pacto federal e estadual ;

3 -Projetos de aulas de reforço em horário oposto e outros;

4- No que diz respeito a prefeitura de Salvador possuímos formações mensais ofertadas tanto pela rede, com formadores locais que são professores e professoras que atuam na rede, quanto por formadores externos tratando sempre os aspectos relevantes da alfabetização e os desafios desse processo aliando as exigência dos documentos legais como a BNCC.

Conheça algumas características dos 15 profissionais que devolveram os formulários com suas considerações

ALGUNS ASPECTOS DA ALFABETIZAÇÃO NO PASSADO

Veja o que Francisca Rosa Moreira escreveu sobre a leitura e a escrita na Memória que apresentou, em 7 de março de 1881, para concorrer a uma cadeira de professora pública do estado da Bahia:

Sobre a leitura

O método que se deve seguir no ensino dessa disciplina é o sintético ou da intuição de preferência ao velho método universal da soletração.  A apresentação do alfabeto em ordem lexicográfica, ou em ordem diversa. é questão puramente opinativa

Sobre a escrita

O processo mais natural para o ensino da escrita é o da cópia de traslados litografados. O qual, além de fundar na escola a unidade de caráter de letra, economiza o tempo pela dispensa de uma rigorosa correção

Conheça recursos usados no passado para o ensino da leitura e da escrita

O PALEÓGRAFO,um recurso usado na alfabetização em tempos passados

Foto da capa do Paleógrafo localizado na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, atual Biblioteca Central do Estado da Bahia.

Carlos Humberto Alves Corrêa informa: Os paleógrafos pertenciam a um gênero de livro, especialmente, destinado ao ensino da leitura de textos manuscritos construídos a partir de diferentes caligrafias;  visavam o desenvolvimento de habilidades de leitura que tornassem os leitores aprendizes aptos para decifrar a variedade de estilos de letras que caracterizam o texto traçado manualmente. Eram livros compostos a partir de uma diversidade de caracteres representativos das várias modalidades de letras feitas à mão em uso na epoca.(Veja texto completo em https://www.fe.unicamp.br/alle/textos/CHAC-ManuaisPaleografosLivros.pdf)

Veja nos links abaixo o texto completo de duas edições do paleógrafo de Carlos Silva

Paleógrafo-Leitura Manuescrita

Paleógrafo- Cocxla Calligraphica

Em 1966, o cinema educativo barsileiro produziu filmes cursos para apoiar a alfabetização.

Vídeo produzido em 1966, no INCE – Instituto Nacional de Cinema Educativo, dirigido por Guy Lebrun. Disponivel no INCE – Instituto Nacional de Cinema Educativo no link http://www.bcc.org.br/filmes/443473 e também no Youtube através do link https://www.youtube.com/watch?v=wPICOabLkyA

SINOPSE/ENREDO

O professor ABC apresenta as letras J e L do alfabeto e ensina muitas palavras em que elas estão presentes na língua portuguesa.

As editoras do Blog deixam aqui os seus agradecimentos:

Para Edna Santos, membro do PROMEBA pela valiosa ajuda na montagem do formulário

Para as profissionais da educação pela boa vontade em devolver os formulários devidamente preenchidos com informações que consideramos muito importantes

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