Exposição escolar fevereiro/março 2022 (p.2)

Em 1935, o primeiro prédio escolar

Jacobina como que se renova e era preciso, pois no ano seguinte seria inaugurado o prédio escolar. Ele recebeu o nome de Escolas Reunidas Luís Anselmo da Fonseca, em homenagem ao grande jurista baiano filho do distrito de Riachão, hoje Itaitú, cuja biografia foi feita na ocasião, dezembro de 1935, pelo então acadêmico Florivaldo Barberino.

Ainda foi a professora Alice, a escolhida para Diretora das referidas escolas, cuja posse se deu no dia 9 de março do ano seguinte. São suas as palavras de saudação às colegas Maria de Lourdes de Almeida Grassi e Ismênia Dantas. Dizia ela que, […] “assim como as gotas d’água unidas formam grandes oceanos, elas solidárias, formariam sólidos alicerces para que o ensino fosse perfeito”.

Em 20 de julho de 1936, tomava posse outra professora, Helena Gil Ferreira. Chegaram ainda às professoras: Vitalina Emerita Martins Vigas e Lúcia Leal Martins. Todos esses dados constam dos livros das referidas sessões comemorativas das datas nacionais […]

Surge o ano de 1938 e mais uma professora chega: Isolina Gaspar, […]. Em março do ano seguinte foi a vez da professora Áurea Maria Birne, depois Áurea Birne Grassi, […]

Era o raiar de uma nova era, surgindo a estimada mestra e amiga, […], todas nas Escolas Reunidas Luís Anselmo da Fonseca.

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Alcira com Professoras no portão de entrada das Escolas Reunidas Luís Anselmo da Fonseca – 1950. Acervo da professora Alcira.

Fachada frontal das Escolas Reunidas Luiz Anselmo da Fonseca fotografada, em 2008, por Tereza Cristina Pereira Carvalho Fagundes.

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Prédio das Escolas Reunidas Luiz Anselmo da Fonseca fotografado, em 2008, por Tereza Cristina Pereira Carvalho Fagundes.

O desejo de ser professora e a ausência do ensino secundário em Jacobina

Um dia, já no ano de 1938, meu pai me chamou e disse: “deseja fazer o curso de professora? Na cidade de Senhor do Bonfim chegaram as freiras Sacramentinas e você se quiser, vai estudar lá”.

Foi uma surpresa maravilhosa, tratei então de rever meus queridos livros. Em fevereiro de 1938, parti para Senhor do Bonfim, para no Colégio Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento fazer o “exame de suficiência”. Fui aprovada com distinção.

Das Sacramentinas só tenho palavras de louvor e agradecimento por minha formação cultural e espiritual, já alicerçada por minha família, tradicionalmente religiosa. Aprendi muito com aquelas Irmãs… apesar de aluna interna, fiz grandes amizades naquela cidade, destacando-se as famílias Sena Gomes, de Ceciliano Carvalho e de Oclenídia Oliveira.

Ainda sinto o friozinho da garoa quando acordávamos para a matina, ou seja, a primeira atividade do dia, que era assistir à Santa Missa. O nosso capelão era o Padre José Soares França que residia em Morro do Chapéu (também conhecido como Padre Juca). Nesta época, o primeiro Bispo de Bonfim, o D. Hugo Bessame de Araújo nos visitava sempre e seus ensinamentos foram maravilhosos.

Como a vida não é só de alegrias, foi o ano em que perdi naquela maravilhosa pessoa, o homem que mais admirei até então, pela sua inteligência e pelo seu amor por todos nós – meu pai, ficando enorme lacuna em meu coração.

Finalmente uma escola secundária

Nostalgia e enfado eram constantes em cidades como a nossa, que tinha suas noites de luar cantadas pelos seresteiros da época como o inesquecível Bob Silva.

Não tínhamos bares nem boates muito menos casa de cultura. Os nossos clubes “2 de Janeiro” e “Aurora” estavam fechados, pois com a crise da seca que ainda se fazia sentir, os rapazes e moças só tinham uma opção, era a Igreja que mantinha suas festas religiosas com muito garbo, e todos com ela a participar.

As novenas do mês de Maria, as trezenas de Santo Antonio e finalmente todo o calendário religioso era seguido sistematicamente. Também existiam os “assustados” em casas de famílias e para lá nos dirigíamos após as novenas. […].

Na praça Castro Alves junto à balaustrada do Rio do Ouro, a rapaziada se encontrava a palestrar pela noite adentro, com a lua prateada e enamorada daqueles jovens mais letrados, carentes de companhia adequada.

Idealistas, querendo criar, fazer crescer e prosperar a nossa cidade, Nemésio Lima, Amarílio Benjamim, os Fernando Alves e Pugliesi, dentre outros, em conversa “de ponte”, diziam da necessidade da criação ou instalação de uma Escola Normal que viesse trazer para Jacobina, maiores conhecimentos à mocidade.

A conversa “de ponte” que nos referimos diz respeito ao costume que tinham os rapazes de trocar idéias, encostados na ponte que liga a praça Castro Alves, à rua Senador Pedro Lago, sobre o Rio do Ouro.

Numa noite de grande beleza esta conversa saiu: Nemésio Lima, dono do Jornal “O Lidador” que circulava semanalmente, pediu ali mesmo ao Doutor Amarílio Benjamim, então advogado, que escrevesse um artigo sobre a necessidade da criação de uma Escola Normal. Saiu o primeiro artigo e depois alguns outros, neste mesmo jornal.

E assim, de um simples semanário de notícias locais, breves e singelas, agigantou- se “O Lidador” com uma coluna somente para tratar do assunto da idéia de iniciar uma campanha meritória que seria mais tarde, a concretização da instalação do ensino secundário em nossa cidade.

Passando da idéia para a realização, seguiu-se a formação de uma Comissão por homens da terra, imbuídos de bons princípios, para assentar por meios legais (Leis nº 1.846, de 14 de agosto de 1925 – Reforma e Instrução Pública do Estado, de Anísio Teixeira), a Escola Normal de Jacobina.

[…]

A notícia saiu no jornal. Mas, e daí? Onde iria funcionar a Escola? Com que alunos? Qual o Regimento a ser adotado? E quem seriam os professoras?…

… Uma luz se ilumina! Na vizinha cidade de Senhor do Bonfim funcionava um colégio já vindo de Salvador e outro se instalava pelas Irmãs Sacramentinas. Por uma dessas coincidências em que o destino costuma fazer-se, viajaria para Salvador o Sr. Amado Barberino, para o Ceará, o Sr. Aderson Brito e para Senhor do Bonfim o Sr. Dionísio Teles. […]

Dessa maneira, em conversas sobre a Escola Normal, corriqueiramente realizadas na casa onde funcionava o jornal “O Lidador”, decidiram dar uma parada em Senhor do Bonfim para convidar o dono do Colégio Senhor do Bonfim para vir para Jacobina.

A visita então se processou. O dono, professor Deocleciano Barbosa de Castro se entusiasmou com a idéia e proferiu uma frase bem do seu feitio de mestre, erudito, capaz, trabalhador e idealista: “… levarei o ensino a qualquer ponto do Brasil, aonde quiserem…”.

A semente estava lançada! Os pormenores seriam acertados quando os três voltassem à Jacobina.

E assim aconteceu! “O Lidador” com suas manchetes: “Uma Escola Normal para a nossa região!…”.  Era o ano de 1938!…

[…]

A cidade vibrava! No mês de junho, época das férias, teve a visita da professora Ester Castro, esposa do Professor Deocleciano que veio tratar da transferência de seu colégio. Foi hóspede do Sr. Francisco Brito. Visitou várias residências de pessoas nas quais havia crianças e adolescentes em idade de prestar o exame de suficiência para o 1º ano fundamental da Escola Normal.

Depois de vários aspectos ficou deliberado que com a transferência do colégio, o mesmo traria seu Regimento Interno semelhante às normas da tão famosa Escola Normal de Caetité, (primeira do interior da Bahia). Coube ao professor. Deocleciano, comunicar ao então Secretário de Educação Dr. Isaías Alves, seu amigo e colega, a transferência que ora se fazia.

A instalação do Colégio Senhor do Bonfim

[…]. O poder público diante de toda essa campanha em prol do ensino (como acontece até hoje) silenciava. Muito mais tarde, porém, houve conscientização!?

Em ofício datado de 04 de fevereiro de 1939, (encontrado atualmente no Arquivo do CEDBC) o Dr. Francisco Hermano Santana, Diretor Geral em Bonfim, comunicava ao professor Gilberto Caribé, Fiscal Estadual do Colégio Senhor do Bonfim, que por ordem do Exmo. Sr. Dr. Secretário de Educação e Saúde foi concedida a transferência do referido colégio para a cidade de Jacobina.

Os trabalhos do Colégio Senhor do Bonfim foram então iniciados, no dia 14 de março de 1939, às 14 horas, em sessão solene presidida pelo professor Gilberto Caribé, Fiscal Estadual, em presença dos seus diretores, corpos docente e discente, além de várias outras pessoas da comunidade.

Aberta a sessão, usaram da palavra o professor Deocleciano Barbosa de Castro, Diretor; Iva Marques, Terezinha Rego, Antonio Garcia e Gildásio Oliveira, alunos: Doutor Amarílio Benjamim, professor. Gilberto Caribé, Dr. Fernando Pugliesi e o Sr. Amado Barberino.

Alunos do Instituto Senhor do Bonfim – 1939. Acervo da professora Alcira.

Mas, os obstáculos foram surgindo

Era muito difícil pagar mensalmente os 500 mil réis ao fiscal do estabelecimento e o falecimento repentino do professor Deocleciano no dia 20 de Julho de 1940 só agravou a situação. Um fato curioso e digno de menção é o seguinte: com a morte do Professor. Deocleciano o Dr. Isaías Alves, Secretário da Educação mandou fechar o Colégio por faltade quem o dirigisse, pois sua viúva a Professora. Ester Costa Castro pretendia voltar para Salvador, conforme aconteceu.

E, assim, sabendo da pretensão do Secretário, o Dr. Adonel viajou imediatamente para a Capital pedindo uma audiência especial, a qual foi concedida. Frente a frente com o Secretário quando este disse não haver quem dirigisse o já citado Educandário, perguntou o Dr. Adonel a Isaías Alves: nem um ex-aluno de V. Exma? E este surpreso respondeu: sendo, meu aluno, poderia sim… – Mas, quem? – Eu, respondeu o Dr. Adonel. Um pouco sem jeito o professor Isaías Alves sustou a suspensão do Estabelecimento e Doutor Adonel, voltando à Jacobina, prestou contas de sua viagem e convidou homens de boa vontade fundando então a Sociedade Cultural de Jacobina, composta de mais dez elementos para sustentar a manutenção do Colégio. …

Depois de vencidos os obstáculos, estava eu Professora! O Jornal “O Lidador” ainda circulava com todo o vigor de suas máquinas e jornalista. Toda semana saía o perfil de um professorando. O meu, feito pelo colega Floro Maia em novembro, dizia: ( Veja aqui o Perfil da professoranda Alcira)

Era o alvorecer de vida nova, fase maravilhosa, cheia de sonhos, projetos a serem realizados. Nossa formatura aconteceu a 16 de dezembro de 1942!.

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Concluintes do Curso Normal pelo Instituto Senhor do Bonfim, em Jacobina.
Turma de 1942: Alcira, Floro, Eunice (em pé); Cleonice, Gabriela, Isaura e Valdete (sentadas).Na foto ao lado, Alcira em trajes de formatura.
Acervo da Professora Alcira.

Em janeiro de 1944, fui convidada para ensinar no Instituto Senhor do Bonfim (novo nome do Colégio). A primeira turma que lecionei era constituída de alunas, que foram minhas contemporâneas, como Irene Cardoso, Lolita Vieira, Nilza Cerqueira, Edi Oliveira…

Para mim foi uma empolgação e ao mesmo tempo, um “sufoco” pois substitui um dos meus professores mais queridos, Dr. Agnaldo Caldas, na cadeira de Psicologia. Passei a lecionar também as cadeiras de Pedagogia, Metodologia e História da Educação para as quais me foi concedido, mais tarde, um Registro pelo Departamento de Educação do Estado (1º de setembro de 1947).

Ensinando as disciplinas Pedagogia, Psicologia, Metodologia e História da Educação, dei início à uma intensa participação em aprimorar conhecimentos indispensáveis a uma pretensa boa condução do progresso de ensinar e aprender, minha preocupação maior.

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Professora Alcira com alunos do Jardim da Infância de Jacobina – 1948. Acervo da Professora Alcira.

No ano de 1947, em abril, por solicitação do Instituto Senhor do Bonfim, organizei e fiz funcionar o 1º Jardim da Infância de Jacobina, anexo ao referido Educandário. […]

Para que este curso funcionasse, tive que ir à Salvador onde fiz curso e estágio de observação no “Colégio Osvaldo Cruz” no bairro do Rio Vermelho.

O concurso para professora primária

Apesar de já ser professora do nível médio, no ano de 1949 quando foram abertas as inscrições de um Concurso para o Magistério Primário do Estado da Bahia, me inscrevi no mesmo porque uma vez aprovada, seria efetivada no magistério público, o que não aconteceria em relação ao Instituto Senhor do Bonfim, na época um estabelecimento particular.

Naquele tempo, as perseguições políticas se acentuavam, principalmente porque não era admissível entrar no “quadro do magistério” quem não fosse do partido do “coronel”. Por este motivo, 8 dias antes da realização das provas, tive que me deslocar com a minha família para Salvador, para submeter-me ao Concurso, na tentativa de assegurar a minha aprovação sem a interferência política contrária do coronel local.

Em Salvador, fiz as provas no atual ICEIA, numa sala com 25 outras colegas. […]

Na prova de Português foi solicitada uma interpretação do Hino da Bandeira e da Pedagogia da Escola Rural. […]

As primeiras nomeações

Minha nomeação saiu a 28 de junho de 1950 e a 4 de julho já estava tomando posse, junto às Escolas Reunidas Luís selmo da Fonseca. Em 3 de março de 1951, pela Portaria nº 132, fui nomeada Delegada Escolar Residente de Jacobina, cargo político, sendo então substituída na regência de classe pela Professora. Eunice Brito Teixeira.

Como se tratava de uma função carente de instruções, viajei em seguida para Salvador a fim de, junto à Secretaria de Educação, tomar conhecimento de como deveria funcionar uma Delegacia Escolar no interior.

Orientada fui também pelo deputado Amarílio Benjamim, que me aconselhou o uso do bom senso na medida do possível, onde a justiça e a tolerância andassem de mãos dadas.

Quase todo mês visitava Salvador e mantive contatos com pessoas competentes e maravilhosas como Elza Melo e Elza Castro, e depois Raydalva Vieira Bitencourt e Olga Meneses, das quais recebia orientação segura e precisa para o bom desempenho do cargo. Para essas colegas tenho sempre o meu reconhecimento de gratidão e apreço.

Procurando acertar, idealizei um Livro de Registros para nele documentar as realizações de termos de posse, atas de sessões comemorativas, visitas de autoridades, etc., uma vez que os ofícios de comunicações deveriam ser encaminhados para a Secretaria de Educação.

A Delegacia Escolar– UMA BOA LEMBRANÇA!

A Delegacia Escolar funcionava em nossa casa, com atendimento em qualquer horário que fosse necessário… A não ser poucas professoras vindas de outras localidades, a maioria na época se constituía de ex-alunas minhas do Instituto Senhor do Bonfim ou Ginásio Estadual Deocleciano Barbosa de Castro. Houve ocasião em que eram mais de 10 horas da noite e ainda se encontrava em nossa casa, professora querendo orientação… Mais tarde passei a orientar ex-alunas ou professoras do município que passariam a ocupar o cardo de Delegadas Escolares de outros municípios como Cafarnaum, Caldeirão Grande, Barra do Mendes e Miguel Calmon.

[…] Realizamos os mais lindos desfiles escolares que a nossa cidade já presenciou

Tenho ainda hoje, o programa das comemorações do 7 de setembro de 1952. Às 6 horas da manhã houve alvorada pelo Serviço de Alto-falantes da Prefeitura Municipal. Às 8 horas, o hasteamento da Bandeira Nacional nos edifícios públicos, sendo que no da Prefeitura estavam presentes o então Tiro de Guerra 127, o Pelotão dos Reservistas e a Filarmônica “2 de Janeiro”. […]

Tivemos também oportunidade de trazer figuras proeminentes de nossa Educação para cursos, seminários e encontros, visando à melhoria do ensino em nossa região com o Professor Sá Telles, Marionita Teixeira Rocha, Raydalva Bittencourt, Juvenal e Juscelino Barreto.

[…]

As festas da Primavera e o 7 de setembro até hoje são lembrados pela beleza e empolgação dos nossos estudantes em todas as escolas da comunidade. Foram 11 anos de luta gratificante contribuindo de maneira positiva à formação de uma geração estudantil.

Quando na Delegacia Escolar, não tinha estas longas férias de 3 meses ao ano. Já em fevereiro dava posse a quem havia sido nomeado em dezembro e janeiro.

Um dia inesquecível

Para o dia 2 de outubro de 1953, estava programada uma reunião nas Escolas Reunidas Luís Anselmo da Fonseca com uma equipe de Salvador, organizadora e integrante da Superintendência Unificadora dos Professores Primários (SUPP). Preparei a nossa casa para recebê-la, como era de costume, mas, não fiquei na reunião até o final, corri para casa e às 19 horas nasceu aquela que é a luz da minha vida, minha esperança, seguidora de meus ideais de mestra, pois o ensinar é a maior glória que uma pessoa pode fazer em benefício de outra – a minha filha, que recebeu o nome de Tereza Cristina. Hoje Teca é Mestre em Educação e Professora no Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia. Fez o curso de Jardim de Infância com a professora. Beatriz Guerreiro Moreira de Freitas, minha amiga e companheira, o primário com a Professora. Antonieta Marques Magalhães, colaboradora eficiente e competente, mestra dos meus tempos de Delegacia, e o ginásio, pedagógico e científico no meu querido Centro Educacional Deocleciano Barbosa de Castro, em Jacobina.

À noite, Raydalva Vieira Bittencourt – presidente da SUPP (e hoje secretária do Conselho Estadual de Educação) e Elisabeth Bastos de Matos me visitaram e conheceram a minha filha. Relataram então o resultado positivo da reunião – campanha do 1º Congresso Nacional de Professores Primários, convocada por intermédio de nossa Delegacia.

Fatos interessantes

Da época em que fui Delegada Escolar, alguns fatos merecem aqui ser relatados:… Durante festejos do São João, alguns alunos de determinada escola foram confundidos com “carregadores de água” (figuras comuns na época, quando ainda não havia água encanada na cidade), por estarem carregando água em animais, do Rio do Ouro para a sua escola e homens da cidade quiseram contratá-los. É que o grupo de professores da referida escola estava realmente limpando a escola após os festejos, com os alunos ajudando…

… As visitas que fazíamos todo mês às escolas eram quase sempre a pé. Não tínhamos transporte freqüentemente. Aproveitávamos a manhã que sempre em Jacobina se apresentava linda, com as serras cobertas de névoa, um friozinho gostoso e lá íamos nós… A da Caieira de Cima com quase 70 alunos… Praça da Bandeira… Pontilhão… enfim todas elas!

… A palmatória era ainda aplicada em nossa cidade! Quando em uma das minhas visitas encontrei uma delas em cima da mesa da professora, olhei admirada e vi que a professora ficou rubra, apavorada, sem saber o que iria lhe acontecer. Chamei-lhe apenas a atenção e trouxe para casa a palmatória onde se encontra até hoje como lembrança da “escola antiga” ainda presente no ensino em Jacobina na década de 50.

… Como já mencionei antes, em nossa gestão de quase 12 anos na Delegacia Escolar, enfatizamos bastante as comemorações cívicas como a do 7 de setembro. Os ensaios para as sessões comemorativas da Semana da Pátria eram feitos nas salas de aula e as apresentações, durante muitos anos, aconteceram no Cine local e na Sociedade Aurora Jacobinense.

… Muitas vezes o desfile do dia 21 de Setembro, comemorativo da Primavera, superava o 7 de Setembro! Este sempre acontecia à tarde havendo iluminação nos carros por ocasião do recolhimento…

Foi inesquecível o do ano de 1960! O tema central foi “Os meses do Ano”! É uma pena não ter sido possível filmá-lo, pois o que a cidade vislumbrou nesta comemoração foi algo extraordinariamente belo, grandioso, organizado e culto!

Janeiro – Confraternização Universal. […]

... E chega 1962! Com uma simples Portaria (nº 5893) de 1º de novembro, fui destituída do cargo de Delegada Escolar!!! Mais uma vez se fazia presente a política coronelista da região em acinte à oposição freqüente de meu esposo, do então PSD.

A encampação pelo Estado do Instituto Senhor do Bonfim

O número de alunos que procurava o Instituto Senhor do Bonfim crescia a cada ano e o prédio onde o mesmo funcionava foi ficando pequeno. Então, o Conselho Deliberativo da Sociedade Cultural de Jacobina, proprietária do Instituto desde o falecimento do Professor Deocleciano, autorizado pela Assembléia Geral, tratou de providenciar a encampação do educandário pelo Estado.

Em 1952, foi iniciado esse processo, […]. Diante disso, por proposta também do Dep. Amarílio Benjamim, incansável batalhador da educação em Jacobina, o Governador fez baixar um decreto (de 20 de fevereiro de 1954, publicado no Diário Oficial de 23 dos citados mês e ano), criando o Ginásio Estadual Deocleciano Barbosa de Castro, que deveria funcionar no prédio já construído há 4 anos passados, pelo Exmo. Sr. Dr. Clemente Mariani, na época Ministro de Educação e Saúde, destinado a um a Escola Normal Rural em Jacobina. Todo o acervo do Instituto Senhor do Bonfim foi então transferido para o referido prédio.

Já em fevereiro de 1954 houve o exame de admissão para o Ginásio Estadual. Ficou acertado que, à proporção que as turmas concluíssem seu curso, pelo regimento antigo, seria extinto o Curso Normal de 5 anos de duração e em seu lugar, existiriam o Curso Ginasial – de 4 anos, seguido de um Intermediário – de 1 ano e o Curso Pedagógico – de 2 anos, perfazendo um total de 7 anos de estudo para a formação de um Professor Primário.

Havia uma data para a realização do Admissão em todo o Estado e como esperamos o Inspetor designado e este não apareceu, no dia marcado a Direção achou por bem realizar o exame, no prédio do Instituto. […].

No outro dia, chegou o Inspetor Regional, Dr. Otoniel Moura e anulou o referido exame. Segundo ele, somente com a sua presença, o exame seria válido.

Remarcou o dia mantendo, contudo, a mesma Banca Examinadora. Por uma feliz coincidência, os mesmos alunos aprovados no primeiro exame, conseguiram aprovação no segundo, o que é bastante lógico.

Uma outra exigência deste Inspetor foi a existência de filtros no estabelecimento para assegurar a purificação da água. Não havendo mais verbas para aquisição dos mesmos, que na época nem se encontravam à venda na cidade, tivemos nós os professores de doá-los, antes do início das aulas.

Outro acontecimento merece registro: quando tomou posse do Governo do Estado o Dr. Antonio Balbino, […].

À proporção que leis, decretos e portarias foram surgindo, alterando a estrutura e funcionamento dos cursos, o Ginásio passou a ser chamado Colégio Estadual e Centro Educacional Deocleciano Barbosa de Castro, atual denominação do nosso C.E.D.B.C.

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Com alunas do CEDBC em 1959. Acervo da Professora Alcira.

Em aula de Prática de Ensino no CEDBC – 1971. Acervo da Professora Alcira.

Comemorações cívicas no C.E.D.B.C

O Sete de Setembro sempre foi por mim comemorado com entusiasmo junto ao C.E.D.B.C.

O preparo era constante, primeiro pela importância da data cívica e segundo, porque era o dia do aniversário de Adhemar, meu esposo. Por 26 anos ele participou como professor de Educação Física e juntos programávamos o melhor para que neste dia, o colégio brilhasse…

[…]

E lá íamos nós desfilando com os alunos e a Direção do estabelecimento, pelas ruas da cidade, entusiasmando a comunidade que esperava horas e horas, como diz Chico Buarque, “pra ver a banda passar…”.

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Desfilando no 7 de setembro de 1980 os professores: Adonel Moreira de Freitas, Zoraima Ramos, Alcira Pereira Carvalho Silva e Adhemar Silveira Carvalho Silva. Acervo da Professora Alcira.

Alunas do CEDBC e o prof. de Educação Física– Adhemar Silveira Carvalho Silva (meu esposo) – 1960. Acervo da Professora Alcira.

Vale salientar aqui, a participação do Dr. Ângelo Brandão, médico do C.E.D.B.C., ao cuidar do preparo físico dos alunos para os desfiles e também para os eventos desportistas.

Após cada desfile, com o coração esfuziante de alegria, recebíamos os cumprimentos dos colegas e público presente e já iniciávamos o planejamento do desfile do ano seguinte. As idéias iam surgindo e escrevíamos o que pretendíamos realizar.

Homenageamos certa vez as Forças Armadas do nosso País: O Exército, a Marinha e a Aeronáutica… Outro desfile que o povo lembra com saudades, foi quando com mais de 100 bicicletas ornamentadas de verde e amarelo, os alunos desfilaram fazendo lindas evoluções.

Noutro ano, as evoluções foram feitas com bandeiras verdes, amarelas, azuis e brancas.

[…].

( Veja mais referências sobre as comemorações cívicas no texto da professsora Alcira. Link para PDF ao final da exposição )

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Desfile alegórico do 7 de Setembro de 1957. Acervo da professora Alcira.

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Tereza Cristina no carro alegórico das Escolas Reunidas Luís Anselmo da Fonseca. Acervo da professora Alcira.

(Continua)

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